Matéria atualizada em 24 de setembro de 2019 – É comum vermos no mundo do futebol, principalmente aqui no Brasil, onde temos acesso à mais informações, obviamente, uma constante mudança nas fornecedoras de material esportivo a cada temporada.
Muitos são os motivos para que o número de trocas seja grande: seja pela crise em que passa o país, problemas em cumprir o contrato por parte das marcas, novas empresas chegando ao mercado, com boas propostas ou marcas saindo do mercado, por aí vai.
Resolvemos então fazer um levantamento, entre alguns dos principais clubes do país, para verificar qual equipe mais trocou de fornecedora no século XXI, ou seja, desde 2001. O resultado foi bem interessante, uma vez que, enquanto algumas equipes já trocaram de uniformes mais de cinco vezes, outras não tiveram mais do que duas marcas produzindo seus fardamentos e uma das equipes veste a mesma em todo esse tempo.
Confira no infográfico abaixo as equipes pesquisadas e as marcas que elas vestiram:
Podemos ver dois pólos neste levantamento, curiosamente dois “At(h)léticos”. Se o Paranaense possui hoje a parceria mais antiga do Brasil, e uma das mais antigas no mundo, com a Umbro, o Mineiro já trocou de fornecedora nove vezes desde 2001, com destaque para a Topper, que teve duas pelo Galo, hoje vestindo Le Coq Sportif.
Outro destaque é o Corinthians, que aparece como a segunda equipe que menos trocou de fornecedoras, tendo vestido apenas Topper e Nike neste século. O acordo com a marca norte-americana é, atualmente, o segundo mais longevo no Brasil e recentemente foi renovado para que o Swoosh apareça nas camisas do Timão até 2029, quando completará 26 anos.
Outra equipe a ser destacada é o Fluminense, que até 2016 tinha a parceria mais antiga do Brasil, com a Adidas, porém, ao trocar as três listras pela Dryworld, acabou perdendo o posto. Após a saída da marca canadense e a chegada da Under Armour, em 2017, o tricolor das laranjeiras já está em sua terceira fornecedora diferente. É uma das três equipes na lista a não ter vestido nenhuma marca brasileira no século, e caso a mudança para a Umbro se confirme, continuará assim.
O Santos foi outra equipe que mostrou poucas mudanças, já que só trocou de fornecedora por três vezes, sendo que atualmente veste Umbro, a mesma de 2001. Curiosamente, é outra na lista que não vestiu nenhuma marca genuinamente brasileira no século, junto do Fluminense e do Atlético Paranaense.
O Paraná Clube talvez seja o que tenha o portfólio mais “alternativo” entre as fornecedoras. Além de ter trocado oito vezes de fornecedora nos últimos 17 anos, vestiu marcas como Le Coq Sportif, Joma e Erreà. O Goiás também chegou perto do Galo em número de trocas de fornecedora, com oito. Ambos vestem atualmente uma marca própria de material esportivo.
Também é grande o número de equipes que vestiram por duas vezes a mesma marca, em épocas diferentes. Temos como exemplos maiores o São Paulo e a Penalty, Atlético-MG e Botafogo com a Topper, Santos e Vasco com a Umbro. O Goiás conseguiu a façanha de repetir duas vezes a fornecedora, com a PUMA, primeiramente, e depois com a Topper.
Crescimento das marcas internacionais
Agora, olhando do ponto de vista das marcas e cenários históricos, ficou evidente o crescimento das marcas internacionais no mercado brasileiro. Enquanto em 2001, somente Atlético-PR, Flamengo, Fluminense, Grêmio e Santos possuíam contratos com empresas de fora e todos os outros vestiam marcas brasileiras, em 2019, o número de equipes patrocinadas por empresas de outros países subiu para 17, mais da metade entre as equipes pesquisadas.
Apesar do domínio nos dias de hoje ser de Nike, Adidas, Umbro e Under Armour, as primeiras marcas internacionais a terem grande destaque foram as italianas. Primeiramente a Kappa, que abriu caminho para a chegada da Diadora e posteriormente da Lotto. A marca das pessoas sentadas acabou tendo mais sucesso entre as três, aparecendo até pouco tempo na camisas de grandes equipes, como Santos, Fortaleza, Guarani, Goiás e Criciúma. Porém, depois de problemas com logística, acabou deixando todas elas em 2018. Em 2019, no entanto, voltou com tudo, patrocinando grandes equipes do futebol brasileiro, como Botafogo-RJ, Botafogo-SP e Vitória, com o Clube do Remo já garantido para 2020. A Lotto teve grande presença no final dos anos 2000 e começo dos 2010, mas acabou deixando o país, mesmo caso da Diadora na segunda metade da década passada. A empresa retornou apenas em 2018, vestindo o Vasco da Gama.
A PUMA e a Reebok também têm grande história por aqui. A primeira teve grande inserção no mercado na segunda metade da década passada, depois de bons trabalhos anteriores, e permaneceu como uma das maiores do país até 2016, mais ou menos, quando se retirou do mercado. Em 2019, porém, a marca retornou com tudo, patrocinando o Palmeiras. Já a marca originalmente inglesa, mas que hoje tem sua sede nos EUA, havia aparecido por aqui na camisa do Palmeiras em 99, em meio a disputa da Libertadores. Depois, ressurgiu na segunda metade da década passada, tendo muito sucesso com o São Paulo e Internacional, mas também marcando presença nas camisas de Cruzeiro e Vasco da Gama. Porém, desde 2012, a marca deixou o futebol brasileiro e agora se dedica às artes marciais, sendo patrocinadora oficial do UFC, por exemplo.
A Nike sempre teve grande destaque por apostar em times de massa como Flamengo e Corinthians, até 2009, quando o Mengão a trocou pela Olympikus. Em 2012, no entanto, com a proximidade da Copa do Mundo no Brasil, o Swoosh passou a estampar as camisas de Santos, Internacional, Coritiba e Bahia, o que deu certo por algum tempo. Desde 2016, no entanto, somente o Timão e o Colorado têm uniformes da empresa e, a partir de 2020, somente os paulistas vestirão a marca, já que os gaúchos vão vestir Adidas.
E por falar nas três listras, uma marca com grande história por aqui, principalmente nos anos 80. Ela teve um período de sumiço também, no começo da década de 2000, mas após chegar ao Palmeiras e posteriormente ao Flamengo, as três listras passaram a investir em mais equipes, como Figueirense, Coritiba, Ponte Preta e Sport Recife. Desde 2018, com a saída do Palmeiras confirmada, a marca alemã está também nos uniformes do São Paulo.
Há também o caso da Dryworld, que chegou ao Brasil em 2016, nas camisas de Fluminense, Atlético-MG e Goiás, e prometia muita coisa, mas acabou tendo enormes problemas de logística e também financeiros, o que acarretou na retirada total da empresa, não só por aqui, como também nas equipes inglesas QPR e Watford.
E as marcas brasileiras?
Isso também nos revela a ascensão e queda de muitas marcas brasileiras durante este período. A Finta, por exemplo, que esteve nas camisas de cinco das 30 agremiações (17%) em 2001, desapareceu depois de 2007, tendo retornado brevemente em 2012 no América-MG, mas desde 2013, não fornece uniforme a mais nenhuma dessas equipes.
O caso mais assustador, no entanto, é o da Penalty, que em 2001 patrocinava oito das 30 equipes (27%), e teve uma queda drástica na segunda metade da primeira década dos anos 2000. Ela até ressurgiu entre o final dessa década e o começo dos anos 2010, mas atualmente não está em nenhuma equipe brasileira, somente argentinas ou japonesas.
A Topper, por sua vez, alterna altos e baixos. Após um grande período sumida, a marca voltou com tudo, se tornando a maior fornecedora nas Séries A (junto da Umbro) e B do Brasileirão, em 2018, no entanto do fim do ano passado pra cá, vem novamente perdendo espaço. Outras marcas menores, como Placar, Fanatic, Piery Sport, Stadium, Kanxa, Kickball e Spieler se tornaram regionais e agora aparecem em equipes menores. A Olympikus deixou o mercado brasileiro de futebol.
Há também os casos das “polêmicas” Rhumell e Champs, que apareceram e desapareceram numa velocidade impressionante, por diversos problemas. Uma coincidência entre ambas é o fato de que quando surgiram, passaram a vestir diversas equipes, mas, pouco tempo depois, sumiram. A Lupo Sport também teve um caso parecido, com grande presença no começo da década de 2010, sendo, inclusive, campeã da Libertadores junto do Atlético Mineiro, mas hoje só veste a Ferroviária-SP.
Marcas próprias
Nos últimos anos vimos também um enorme crescimento no número de marcas próprias no país. Se em 2001 o Vasco deu o pontapé inicial, ao vestir camisas produzidas pelo próprio clube, desde que o Paysandu criou a Lobo, ocorreu um verdadeiro “boom”, pois essa prática tem se mostrado muito vantajosa aos clubes. Recentemente, o Fortaleza obteve seu maior faturamento, junto da Leão 1918. Do nosso levantamento, América-MG, Atlético-GO, Bahia, Coritiba, Goiás, Joinville, Náutico, Paraná Clube e Santa Cruz já vestem marcas próprias e esta é uma tendência com potencial de crescer cada vez mais no Brasil.
2020 promete muitas mudanças!
Se de 2018 para 2019, aconteceram DEZ mudanças entre os 30 times presentes em nosso levantamento, 2020 promete não ser diferente e algumas trocas já estão definidas e outras estão na iminência de um desfecho. Confira abaixo:
- Ceará estuda criação de marca própria para 2020
- Cruzeiro vestirá Adidas em 2020
- Topper não deve ficar no Figueirense em 2020
- Fluminense e Umbro em conversas avançadas
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