Qual é a cruz que representa o Vasco da Gama, a Cruz de Malta, a Cruz da Ordem de Cristo ou a Cruz Pátea? Este assunto é um tanto quanto confuso e acaba até mesmo sendo polêmico entre alguns torcedores, no entanto, as evidências são de que um equívoco histórico fez com que o clube adotasse a cruz errada como símbolo.
Alguns podem estar pensando, “não há dúvidas, é só ouvir o hino do clube”, já que ele traz em um de seus versos mais famosos a frase “A Cruz de Malta é meu pendão”, no entanto esta questão foi levantada pelo próprio clube em 2010, quando na gestão Roberto Dinamite, o clube lançou junto à Penalty, uma camisa que “corrigia a história” e ostentava a Cruz da Ordem de Cristo, que segundo João Ernesto da Costa Ferreira, diretor de Patrimônio Histórico do Vasco na época, era a cruz que deveria ser o símbolo do clube desde a época de sua criação.
A Cruz da Ordem de Cristo é um dos símbolos máximos de Portugal e era usada nas caravelas no tempo dos descobrimentos. Mas como a Cruz de Malta se tornou o símbolo do Vasco da Gama? A explicação foi encontrada em entrevista do próprio João Ernesto da Costa Ferreira, feita em 2010 pelo Portal IG, a mesma pode ser lida na íntegra aqui.
Nela, o dirigente explica que uma sucessão de erros fez com que o Vasco da Gama não só utilizasse a cruz errada como símbolo, mas também fosse apelidado com outra cruz, que de fato, nunca foi utilizada.
“Já naqueles primeiros momentos, os fundadores definiram aquele que seria o pavilhão do clube, negro, com uma faixa diagonal branca e com uma cruz. Cada uma dessas cores já simbolizava o clube. O negro representa o desconhecido dos mares, pelas quais passavam as grandes navegações. A faixa diagonal branca, de um canto ao outro, representava a luminosa rota vitoriosa dessas grandes navegações portuguesas. E aquela cruz simbolizava a fé cristã, até porque muitos fundadores eram portugueses, vindos de uma nação essencialmente cristã. Mas aí eles feriram o elemento histórico. Por que qual cruz era essa que deveria ser colocada ali? A cruz que ornava as caravelas das grandes navegações, que era a Cruz (da Ordem) de Cristo. Era para ser isso, mas por razões que agora não adianta nós querermos discutir, a cruz que foi colocada ali foi um pouco deturpada. E se chamou aquilo de Cruz de Malta. Então, já estamos falando de um segundo nome: o primeiro seria Cruz de Cristo, depois falamos de Cruz de Malta. E o Vasco ficou conhecido como o clube da Cruz de Malta, o clube cruzmaltino. Entretanto, aquela que deveria ter sido colocada, a Cruz de Cristo, não foi colocada. Foi colocada essa Cruz de Malta, que na verdade nem é a Cruz de Malta. Ela se aproxima mais de uma outra cruz, que é a Cruz Pátea. Então, foi essa mistura que acabou acontecendo e houve esse ferimento do elemento histórico. Era para ser a Cruz de Cristo, e ponto final”, explicou João Ernesto ao repórter Marcelo Monteiro, do iG.
Ou seja, resumindo, a cruz que deveria ser o símbolo do Vasco da Gama é a Cruz da Ordem de Cristo, enquanto a cruz que é utilizada como símbolo oficial até hoje é a Cruz Pátea, que no entanto, é chamada de Cruz de Malta, e desta forma originou o apelido do clube “cruzmaltino”.
A realidade é que aos poucos o clube tenta trazer a Cruz da Ordem de Cristo para a sua história, tanto que as últimas terceiras camisas trazem esta cruz no emblema cravado no peito.
No entanto, outra solução foi encontrada nos últimos tempos, e as tradicionais camisas 1 e 2 que trazem a faixa transversal continuam trazendo o símbolo com a Cruz Pátea, que é até hoje orgulhosamente chamada pelos torcedores cruzmaltinos de “Cruz de Malta”, mas dentro dela, de forma estilizada, a Cruz da Ordem de Cristo passou a ser aplicada, “unindo” assim as três cruzes que contam a história de um dos mais tradicionais clubes brasileiros.
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