Marcelo Sampaio e as camisas do Ituano » Colecionador MDF
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Marcelo Sampaio e as camisas do Ituano » Colecionador MDF

by Juliano Buzato
Marcelo Sampaio Ituano
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A paixão por camisas de futebol é algo inexplicável e que arrebata milhares de torcedores em todo o mundo. Hoje conheceremos a história de Marcelo Sampaio, torcedor e colecionador de camisas do Ituano, um dos principais times do interior paulista.


O Marcelo já nos ajudou em uma pauta sobre as camisas do Ituano feitas pela Nike em 2001-2002. Desta vez ele conta um pouco sobre sua coleção e seu amor pelo colecionismo. Confira abaixo!

Mantos do Futebol - Marcelo (17)

Quantas camisas você tem hoje na sua coleção? Há algum foco específico nelas?

Na coleção em geral tenho aproximadamente 200 camisas, mas em se tratando do meu foco hoje, o Ituano FC, 128 camisas.

O gosto pelos mantos começou junto com o gosto pelo futebol ou veio depois?

Posso dizer que sim. Em 1988 com 10 anos, meu pai me levou pela primeira vez ao estádio do Ituano e ali me chamava a atenção as cores rubro-negras do Galo e também as camisas dos adversários.

Mantos do Futebol - Marcelo (10)

Qual seu time do coração? Torce pra mais de um? Tem simpatia por alguma seleção também?

Costumo dizer que sou um misto com orgulho e não me importo com os que recriminam esse tipo de comportamento. Torço pelo Ituano por ser da cidade e ser o time que me foi apresentado pela primeira vez e pelo Corinthians que acompanhei de casa ainda criança e com imensa alegria o primeiro título brasileiro em 1990.

Sobre seleção é claro que a simpatia é pelo Brasil e mesmo hoje o interesse tenha esfriado bastante devido aos últimos acontecimentos e atuações, Brasil sempre Brasil.

Mantos do Futebol - Marcelo (1)

Como começou sua relação com o colecionismo de camisas? Recorda-se qual foi a primeira camisa da coleção? Foi comprada ou ganhada? 

Voltando a 1988 com 10 anos, ao ir para o estádio pela primeira vez me encantei com as cores dos uniformes, me chamou muito a atenção toda aquela beleza e a primeira camisa veio 5 anos depois. O Ituano e sua diretoria costumavam fazer rifas para angariar fundos para o clube e numa dessas apostei e fui premiado com uma linda camisa da CCS, ano em que Juninho Paulista começou a despontar para o futebol e usei muito essa camisa mas me orgulho de tê-la ainda comigo, a primeira camisa da minha vida e hoje a número 1 da coleção.

Mantos do Futebol - Marcelo (6)

Qual camisa você tem como o “santo graal”, como a mais rara e/ou especial da sua coleção? Ela tem alguma história específica?

Todo colecionador tem suas histórias, claro que na maioria das vezes você encontra a camisa, compra e ali encerra aquela relação, mas sempre á bons relatos a contar e tenho um relato que tem mito a ver com o que vivo hoje no colecionismo, o foco no Ituano. Sempre gostei de camisas, nos anos 90 passei a comprar de vários clubes para usar, mas o tempo passou e em 2014 resolvi dar um fim nelas pois algumas não me serviam mais ou simplesmente eu não queria mais mexer com isso. Foi aí que entrei em alguns grupos para vender minhas camisas e acabei vendo um anúncio de uma camisa do Ituano de 1990, com patrocínio da Mimo Brinquedos. Aquela camisa me fez voltar a infância, as cores preta e vermelha muito fortes e o patrocínio que foi muito marcante para o torcedor ituano. Falar em Ituano de antigamente é lembrar com certeza daquele patrocínio. Eis que vejo um anúncio dessa camisa, entrei em contato com o vendedor e ele estava vendendo várias camisas e do Ituano tinham mais 2.

Ali fizemos a negociação e posso dizer que o foco nas camisas do Ituano começou naquele momento. O marcante para mim desse caso é que o vendedor estava vendendo as camisas que eram do sogro, falecido meses antes. O sogro tinha muitos amigos pelo interior paulista, ganhava muita camisa e guardou todas com muito carinho. A esposa dele ficou doente pós-falecimento do mesmo e o genro resolveu vender as camisas para comprar medicamentos para a sogra e quando fechamos a negociação das 3 camisas ele me fez um único pedido, que era pra cuidar com carinho das camisas, como o sogro cuidou por anos. E assim procuro fazer com elas e com todas hoje.

Em relação a uma camisa especial, tenho uma da Nike utilizada em 2002 no Campeonato Paulista quando o Ituano foi o Campeão. Essa camisa não vendeu em loja, todas existentes são de jogo e é um produto muito raro, por isso se tornou especial. Minha camisa foi utilizada pelo atacante Basilio (ex-Santos e Palmeiras), que brilhou aqui em 2002 e é um ídolo eterno da torcida local. Hoje essa camisa está num quadro em minha casa.

Há algum manto que você ainda não tenha e esteja na procura para a sua coleção? Qual seria?

Tem, a camisa utilizada no primeiro acesso do Ituano para a Primeira Divisão Paulista em 1989. Camisa da Hagas como fornecedora, usada só nesse jogo. Tenho uma muito parecida, mas não igual. Essa será a cereja do bolo.

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No tempo que você está dentro do colecionismo, já teve alguma história curiosa para contar? Se sim, conta aí para a gente.

Em 2015 passando pelo Paraná fui visitar um grande amigo colecionador, o Renato Oliveira que mantém um grande acervo do Londrina EC. É comum ao encontrar um amigo do meio o presentear com uma camisa e assim fiz, dei a ele uma camisa do São Paulo, seu segundo time, toda autografada. Óbvio que ele ficou feliz, mas para retribuir o gesto ele quis me dar uma camisa do Londrina de lembrança e assim foi feito, presentes trocados, todos felizes.

O tempo passou e numa resenha um dia ele me falou da dificuldade que estava em encontrar uma camisa de 2014 do Londrina, ano em que time foi campeão paranaense, da mesma forma como Ituano, no mesmo ano. Eis que acabo descobrindo que ele tirou a camisa da coleção pra me dar e isso é um gesto que pouquíssimas pessoas conseguem ter, mas ele teve, me deu a única camisa que tinha daquele campeonato e depois não achou mais.

Quis o destino que em seu aniversário eu lhe mandasse uma outra camisa e também, aquela do Londrina que ele tinha me dado e, embora presente a gente não repasse, aquela camisa tinha que estar com ele, na coleção dele e assim fiz e assim fiquei feliz em fazer. Ele ficou muito feliz também, mas nada como o tempo e tempo depois eis que aparece uma camisa igual a dele pra venda, novinha, e ele foi lá e comprou para mim de presente.

Recentemente um amigo aqui de Itu visitou minha casa pra conhecer o meu acervo e lá tinha uma camisa de 2003, muito difícil de se achar, mas eu tinha e era um sonho ele me disse. Simplesmente a tirei do cabide e joguei pra ele, “é sua”. Para muitos isso é loucura… onde já se viu tirar uma peça única da coleção e passar pra alguém? Mas eu fiz, fizeram comigo e não há arrependimento algum. Colecionar camisa é colecionar histórias, emoções. À frente de um pedaço de pano há sempre uma amizade a brotar e temos que preservá-la. Daqui não levamos nada, nem as camisas, somente lembranças e boas histórias.

A Colecionador MDF é uma sessão feita em colaboração com o jornalista Pedro Ivo Faro. Caso tenha interesse em participar desta sessão, entre em contato conosco através do e-mail: [email protected].

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