Nas últimas décadas, vemos cada vez mais as marcas ganhando espaço no mundo do futebol. Desde o patrocinador na região nobre da camisa, até placas de publicidade nos estádios, naming rights, as empresas têm tomado conta.
Mas, há um lugar em que não existe qualquer tipo de exposição de marcas (fora fornecedor de material esportivo), que é a camisa de uma seleção. Consegue imaginar o motivo?
Como você deve estar pensando, isso é uma regra da FIFA. Segundo a cartilha da entidade, a única marca que pode aparecer é a do fornecedor de material esportivo, desde que siga as regras impostas. A logomarca da Nike, Adidas, etc, pode aparecer apenas uma vez na camisa, em cada pé do meião, no calção e em cada luva do goleiro, ocupando no máximo 20 cm² em cada lugar. Isso explica, por exemplo, as adaptações dos modelos da Adidas na Copa do Mundo e porque aqueles modelos mais antigos não são resgatados pelas três listras. Já nas chuteiras e uniformes de treino, essa regra não existe.
Mas e a Irlanda?
Curiosamente, é comum vermos camisas de algumas seleções, como as da Irlanda, serem lançadas com o patrocinador máster da Three Telecom, no entanto, a marca da empresa só pode ser utilizada em ações de merchandising ou em jogos não-oficiais (em amistosos FIFA também não pode).
CBF burlou a regra colocando o logo IBC no escudo
Um dos casos mais polêmicos e curiosos envolve a Seleção Brasileira, que desde 1981 vinha atuando com um raminho de café no lugar do logo da fornecedora, por conta de um acordo com o IBC, Instituto Brasileiro do Café, que rendeu cerca de US$ 3 milhões para a CBF.
Após pressão de outras confederações, a FIFA proibiu que este logo aparecesse na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, já que as outras seleções não expunham patrocínios na camisa, com exceção de suas fornecedoras.
Detalhe do raminho do IBC na camisa da seleção brasileira de 1982
Para não perder esta bolada, a solução foi encontrar um “jeitinho brasileiro”, então Giullite Coutinho, presidente da CBF, resolveu modificar o escudo da Confederação, colocando o raminho dentro do brasão. Apesar de algumas reclamações, o também brasileiro João Havelange, que presidia a FIFA, fez vista grossa e o escudo acabou fazendo parte da lendária campanha brasileira na Copa de 1982.
Seleção Brasileira e o patrocínio da Coca-Cola na camisa
(Crédito na foto)
Em 1987, a CBF tentou mais uma vez burlar o regulamente da FIFA e o Brasil atuou com uma camisa com o patrocinador da Coca-Cola na região nobre, em um amistoso contra o Chile, disputado em Uberlândia.
A ação gerou cerca de US$ 40 mil dólares para a Seleção, mas irritou profundamente a FIFA que avisou que a Confederação seria punida se atuasse novamente com o patrocínio. Curiosamente três dias depois o Brasil disputou outro amistoso, agora com a Alemanha, e a camisa já não trazia o grande retângulo vermelho com a marca de refrigerantes.
Mas por que a proibição?
A regra que proíbe a exibição de patrocínios nas camisas de seleções foi criada com um objetivo bem claro. A Fifa não quer que haja exposição de marcas que não sejam seus patrocinadores oficiais. Afinal, os patrocinadores das seleções não lhe renderiam dinheiro nenhum. Esse exclusivismo permite que a entidade cobre um “cachê” bem salgado das marcas que patrocinam seus eventos.
Segundo levantamento, até a Copa de 2018, 15 patrocinadores pagaram 40 milhões de dólares por ano para estampar suas logomarcas em placas na beira do gramado e nas transmissões dos maiores torneios da entidade.
Em 2000, até houve a discussão no Comitê de Estudos Estratégicos da entidade para que as marcas fossem liberadas nas camisas das seleções e dos juízes em amistosos, mas logo a proposta foi negada.
O que acha da regra da FIFA de não permitir patrocinadores em camisas de seleções?