O cenário atual do futebol coloca este importante esporte em um patamar que vai muito além das quatro linhas dos campos. Hoje, os clubes não dependem somente da venda de ingressos ou camisetas. Sua economia se ampara em diversos outros elementos, que foram impulsionados principalmente pelas mudanças tecnológicas, pela globalização e pelos novos comportamentos de consumo, cada vez mais digitais. Entender este fluxo tornou-se essencial para os profissionais de gestão esportiva, afinal, torcedores e investidores se conectam muito ao tema, principalmente quando ele gera valor. A seguir, vamos destacar algumas das principais fontes de receita, explicando como elas funcionam, entendendo as tendências e destacando como os clubes bem-estruturados conseguem transformar essas fontes financeiras inclusive em vantagens competitivas.
Fontes de receita para além das quadras
Hoje, os clubes de futebol modernos baseiam sua arrecadação em diversos pilares, que se complementam com o desempenho dos times em campo. Por óbvio, os bilhetes nos estádios continuam sendo uma fonte importante de receita. Historicamente, a venda de ingressos sempre foi vista como um elemento central da arrecadação dos clubes, embora hoje seu percentual seja inferior aos demais elementos que contribuem para o ponto de vista financeiro. Com o tempo, este espaço acabou se ressignificando e se preparando para receber os mais diversos perfis de torcedores. Com setores distintos, camarotes e áreas VIP, hoje assistir a um jogo diretamente no estádio pode ser uma verdadeira experiência.
Outro ponto importante na arrecadação dos clubes são os patrocínios e as parcerias comerciais. Hoje, as marcas, os e-commerce, as experiências digitais, as apostas em futebol e os eventos esportivos dominam boa parte da arrecadação financeira. Muitos destes mercados inclusive pagam aos clubes um valor em dinheiro para que possam usufruir de suas marcas e nomes. Os acordos de merchandising e licenciamentos de marcas, permitem ainda com que os clubes lancem produtos para diversos mercados, os ativando com a presença assídua de seus jogadores – principalmente aqueles que possuem uma relação mais estreita com as redes sociais e com os canais midiáticos de forma geral.
Por fim, uma das formas mais importantes e lucrativas de obter receita no esporte é exportando ou vendendo jogadores. Embora não seja o foco dos times, afinal, o objetivo central é vencer, as vendas de jogadores costumam movimentar milhões a cada ano. Neste sentido, os clubes acabam gerando mais de um terço de sua receita a partir destas negociações. Assim, para muitos clubes, especialmente aqueles fora do topo das tabelas, desenvolver talentos e promovê-los ao mercado é, mais do que tudo, um modelo de negócio real, factível e muito lucrativo.
Turismo e eventos como elementos importantes
É claro que, além dos tópicos acima, a presença dos torcedores nas cidades-sede dos eventos e nas competições também é de grande impacto financeiro, direto e indireto. Ao acompanhar os campeonatos, estes torcedores ajudam a movimentar a economia, ao mesmo tempo em que se conectam cada vez mais com seu clube do coração.
Por isso, a modernização dos estádios acaba estando no cerne da estratégia de muitos clubes, assim como o desejo de receber jogos e campeonatos regionais, nacionais e internacionais. É claro que estádios mais modernos não geram mais bilheteria por si só, mas ajudam a tornar as experiências mais convidativas e as chances de receber jogos importantes acabam sendo significativamente aumentadas.
Desafios e riscos no fluxo de receitas
Apesar das oportunidades, os clubes ainda precisam enfrentar alguns desafios. A desigualdade competitiva, os contextos sociais e a falta de diversificação na economia são alguns deles. Não são todos os clubes que têm fôlego para investimentos a longo prazo em infraestrutura ou na formação de talentos, por exemplo. No entanto, cientes das mudanças no consumo e no comportamento dos consumidores, cabe a estes clubes analisarem a sua realidade, compreendendo o seu mercado para, a partir disso, traçar estratégias que sejam condizentes com a sua realidade e lucrativas a médio e longo prazo.
Para os líderes esportivos, compreender esse ecossistema permite que se enxergue além do placar, entendendo como os clubes podem ser um verdadeiro “produto”, gerando valor e se adaptando as realidades do mundo contemporâneo. É preciso, mais do que nunca, entender as transformações e as dinâmicas da sociedade, afinal, o futuro dos clubes será definido em campo e, também, fora dele.
