O Mundial de Clubes de 2025 reuniu 32 times para uma disputa inédita, entre campeões continentais e representantes das principais ligas do mundo. Em sua primeira edição, o torneio destaca não apenas o alto nível técnico dos clubes, mas também a forte presença das casas de apostas no cenário esportivo.
Para quem acompanha as notícias das bets no Brasil, nenhuma grande surpresa. Segundo levantamento publicado pelo Estadão, 17 dos 32 participantes do torneio têm algum tipo de parceria com empresas do setor. Entre eles, seis sul-americanos se destacam por estampar essas marcas na parte principal do uniforme, incluindo os quatro brasileiros: Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras.
Entre os europeus, apenas Inter de Milão, da Itália, e Porto, de Portugal, também carregam bets no patrocínio máster, enquanto o também português Benfica e o mexicano Pachuca trazem as marcas nas mangas da camisa — o único espaço permitido para patrocinadores além do local de maior destaque no uniforme, de acordo com o regulamento da FIFA.
Outros sete times, incluindo gigantes como Real Madrid, PSG e Bayern de Munique, mantêm vínculos comerciais, mas sem exibição direta nos uniformes durante o torneio.
Fotos: Cesar Greco/Palmeiras e Gilvan de Souza/Flamengo
A supremacia das bets no Brasileirão

No Brasil, o cenário é ainda mais consolidado. As bets dominam os patrocínios de uniformes na Série A do Brasileirão, com os 20 clubes tendo parceiros deste tipo na camisa pela primeira vez na história. Essa onipresença reflete a força do setor de apostas no mercado publicitário esportivo nacional e o apetite das empresas por visibilidade junto às torcidas apaixonadas e altamente engajadas.
Especialistas apontam que o crescimento das bets no futebol brasileiro se deve à combinação de um público cativo, alto retorno de exposição e um ambiente ainda em amadurecimento regulatório. As empresas do setor disputam espaço nas camisas dos clubes, nos backdrops de entrevistas, nas placas de publicidade nos estádios e até nas redes sociais oficiais dos times.
Regulações internacionais mostra contrastes e tendências

O protagonismo das bets no futebol brasileiro contrasta com posturas mais restritivas em outras importantes ligas e países. A Espanha proíbe patrocínio de apostas nas camisas dos clubes desde 2020, citando a preocupação com a influência dos jogos entre os jovens.
Além disso, essas empresas também não podem adquirir os naming rights de estádios ou veicular anúncios próximos a centros universitários. Essa política afetou diretamente clubes como Real Madrid, Barcelona e Athletic Bilbao, que mantêm parcerias comerciais com casas de apostas, mas sem exposição visual .
Na Itália, 10 dos 20 clubes da Série A possuem algum vínculo com bets, mas apenas cinco os exibem no uniforme, e somente a Inter de Milão mantém o patrocínio máster. O Milan, por exemplo, firmou em abril uma parceria inédita com a empresa brasileira Reals, que se tornou patrocinadora regional oficial do clube na América Latina, sem, no entanto, expor sua marca nas camisas.
Nos Estados Unidos, o mercado de apostas é regulamentado por Estado, o que gera um panorama diverso. Enquanto Nevada permite quase todas as formas de jogos, estados como Utah os proíbem completamente.
Atualmente, 38 estados autorizam apostas esportivas, mas há limites claros em relação à publicidade, especialmente em ambientes ligados à educação. Um projeto de lei federal em discussão busca proibir propagandas de bets durante transmissões esportivas e eventos ao vivo.
Premier League tem mudança agendada

O caso da Premier League é emblemático. Considerada a liga de futebol mais valiosa e globalmente popular, a competição inglesa permitirá patrocínios de bets nos uniformes até a temporada 2025/26. A partir de 2026/27, estará proibida a exibição de marcas de apostas na parte frontal das camisas dos clubes. As plataformas, no entanto, poderão continuar aparecendo nas mangas, placas publicitárias e painéis de entrevistas.
Segundo o relatório Fair Market Sponsorship Values, publicado pelo site The Sponsor, essa mudança poderá gerar uma queda de até 38% no valor médio dos contratos de patrocínio frontal. Clubes como Bournemouth, Fulham e Wolverhampton poderão perder mais da metade do valor estimado de mercado com a saída das casas de apostas dessa posição estratégica.