Você liga a televisão para assistir a uma partida do Brasileirão e se depara com nomes como Betano, Bet365, Pixbet, 1xBet, Betsul e Sportsbet.io nas camisas dos times e também ao redor dos gramados.
O que todas essas marcas têm em comum? O termo “bet”, presente em seus nomes, já dá uma pista: são casas de apostas que patrocinam clubes brasileiros de futebol.
Não é mais segredo que as apostas esportivas online ganharam o coração dos brasileiros. Segundo pesquisa realizada pelo Inteligência de Mercado Globo, entre 2018 e 2020, o setor cresceu de R$ 2 bilhões para R$ 7 bilhões.
Mas como o patrocínio das casas de apostas tem potencializado o futebol brasileiro? Por que essa parceria está sendo de sucesso?
O Aposta Legal conversou com 4 grandes clubes brasileiros (Avaí, Atlético Mineiro, Cuiabá e Internacional) que recebem patrocínios das casas de apostas para entender melhor essa parceria. Confira!
Quando as casas de apostas começaram a investir no futebol brasileiro?
O interesse pelo mercado do Brasil por parte dos sites de apostas começou em 2018, quando foi sancionada a Lei de Apostas Esportivas (Lei 13.756/2018), pelo ex-presidente da República, Michel Temer.
Desde então, o mercado está para ser regulamentado, com prazo final até dezembro de 2022. A expectativa é que isso aconteça antes da Copa do Mundo no Qatar.
O que motivou as casas de apostas a investirem no Brasil foi trabalhar a sua marca com o público do país para ter mais adesão após a regulamentação do setor.
O futebol foi escolhido por razões óbvias: é a paixão nacional. Os números também nos permitem fazer essa afirmação.
A mesma pesquisa realizada pelo Mercado de Inteligência Globo aponta que quando o assunto é apostar, o futebol ganha de goleada: 81% dos entrevistados escolheram a modalidade como a sua opção de aposta.
A título de curiosidade, Basquete (33%), e-Sports (29%), Poker (26%) e MMA (23%), fecham o top 5 de esportes nos quais os brasileiros mais apostam.
Como funciona o patrocínio das casas de apostas aos clubes brasileiros?
A parceria com os clubes vai muito além de estampar a marca nos uniformes. O nome das casas de apostas aparecem também ao redor do campo, nos backdrops de entrevistas e em ativações online.
Aliás, as redes sociais estão sendo um diferencial das parcerias com os clubes. Pedro Melo, diretor de marketing do Atlético-MG, afirma que a Betano, patrocinadora master do time mineiro, participa ativamente das competições nacionais importantes.
“A Betano coloca mosaicos nos estádios, ajuda nas festas de comemoração do título, faz ativação com os torcedores que também são apostadores da Betano. Também utilizam o mascote, rede social, vídeos, enfim, eles são muito bons nisso”, revela.
Já no caso do Internacional, a parceria se dá também em performance. Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do Colorado, explica que uma parte do valor fechado com a Betsul é sobre o volume dos torcedores do Inter que jogam no site.
“Todo dia que tem jogo a casa de apostas oferece alguma vantagem para os sócios que estão cadastrados no parceiro de apostas. E, claro, sempre fomentando para que ele vá no site ou aplicativo e faça lá suas apostas”, explica.
Avancini ainda conta que a Betsul apoiou outras ações, como eventos internos e investiram financeiramente nas reformas no centro de treinamento das categorias de base do clube em 2021.
Como os clubes enxergam a parceria com as casas de apostas?
Dos 20 clubes que disputam a Série A do Brasileirão, 19 possuem patrocínio de casas de apostas, veja:
- Pixbet: América-MG , Avaí , Flamengo , Goiás e Santos
- Amuletobet: Atlético-GO
- Betano: Atlético-MG e Fluminense
- Estrelabet: Botafogo
- Betcris: Ceará e Fortaleza
- Betsul: Internacional
- Dafabet: Coritiba
- Luck Sports: Cuiabá
- Marsbet: Juventude
- BetPix365: Red Bull Bragantino
- io: São Paulo
- bet: Corinthians
- Betmotion: Athletico Paranaense
Apenas o Palmeiras não possui parceria com uma empresa do segmento, sendo a Crefisa, a marca que detém a cota máster de patrocínio.
Pela quantidade de parcerias, nota-se que os clubes estão vendo uma boa oportunidade em associar a sua marca a das casas de apostas.
“Vejo como uma nova oportunidade para o futebol brasileiro, já que em outros países, principalmente na Europa, era um segmento que já via o futebol como uma boa oportunidade de negócio. Acredito que seja uma alternativa boa para todos os lados”, enfatiza o gerente de marketing do Avaí, Thiago Pravatto.
Para Pedro Melo, do Atlético-MG, a presença desses players no mercado foi essencial para o futebol, principalmente depois da saída da Caixa Econômica Federal como patrocinadora máster de diversas equipes.
“A chegada das casas de apostas foi fundamental para a gente elevar um pouco o sarrafo do que são esses investimentos e ajudar financeiramente os clubes. Acredito que agora é um caminho sem volta, pois cada vez estão vindo mais grandes empresas do segmento, o que vai ajudar muito a melhorar o nível das competições e dos próprios clubes”, frisa.
O Cuiabá, um dos últimos clubes a fechar negócio com uma empresa do segmento, também enxerga um futuro promissor nessa relação entre casas de apostas e futebol.
“Estamos de olho nesse mercado. Iniciamos essa parceria agora e temos outras parcerias em vista também para tentar potencializar esse investimento que está disponível”, revela Cristiano Dresh, vice-presidente do Cuiabá.
O que o futebol pode ganhar com o patrocínio das casas de apostas?
O futebol tem muito a se beneficiar com a chegada das casas de apostas como novo player no mercado nacional.
A começar pela injeção financeira. A maioria dos sites fecham as cotas máster de patrocínio, ou seja, as mais caras oferecidas pelas equipes. Isso reflete em outros segmentos dos clubes. Afinal, mais dinheiro, mais poder de compra no mercado para investir em bons técnicos e jogadores.
O Atlético-MG é um exemplo. Entre 25% a 30% da receita da equipe vem da área de marketing e patrocínios.
“O marketing e o patrocínio para o clube são fundamentais, pois são uma receita extremamente importante para fazer investimentos, pagar salários e fazer toda a manutenção da vida financeira do clube”, destaca Pedro Melo.
Thiago Pravatto, do Avaí, pontua outro benefício interessante, que é o relacionamento que os sites de apostas constroem com o público brasileiro.
“O público em geral, sejam eles apostadores recreativos ou profissionais, de certo modo acabam consumindo ainda mais o negócio futebol. Afinal, para apostar é necessário acompanhar um pouco mais de perto os clubes e estudar cada um deles”, afirma.
O fato do mercado de apostas estar em processo de regulamentação também pode estreitar ainda mais a relação do setor com o futebol.
Para Jorge Avancini, do Internacional, a regulamentação permitirá que as casas de apostas se aprofundem na sua estratégia e no seu negócio. “Isso irá melhorar e qualificar os investimentos das casas nos clubes, inclusive naqueles ganhos que vocês têm sobre os resultados”, explica.
O diretor de marketing do Colorado ainda reforça que o torcedor precisa ser educado para poder dar os seus palpites com segurança. “Não é simplesmente só regular o mercado, tem que ser um projeto sério para que o torcedor e a população não sejam lesados”.
Cristiano Dresh, do Cuiabá, também se mantém otimista com a relação entre os novos players do mercado e o futebol. “São os clubes que movimentam o futebol como negócio. Se não existisse o jogo, não existiria a aposta. Eu acho que uma parte desse dinheiro tem que voltar para os clubes, para investir nas mesmas áreas que hoje investimos com patrocínios”, enfatiza.
O patrocínio das casas de apostas aos clubes brasileiros cresceu muito nos últimos dois anos. É uma receita que já dá certo no exterior e tem tudo para se consolidar no Brasil.
Com a regulamentação sendo aprovada e a paixão pelo futebol por parte dos brasileiros, tanto os clubes quanto as casas de apostas, terão mais oportunidades para estreitar suas parcerias e colher bons resultados.
*Texto criado por Aposta Legal Brasil