O palmeirense nunca vai esquecer a bola cruzada por Ryan Giggs, que passa por cima de Marcos e é empurrada para a rede por Roy Keane. O lance no estádio de Yokohama decidiu a final do Interclubes de 1999, vencido pelo Manchester United por 1 a 0.
O meio-campista Zinho relembrou a preparação para o jogo em entrevista ao site apostas online Betway, afirmando que o time ficou focado demais no rival inglês ao ponto que os jogadores do Palmeiras sentiram ainda mais a pressão: “Todo dia falar do Manchester, todo dia mostrar vídeo do Manchester, todo dia dizer que o time deles é imbatível”, disse.
O Manchester estava em um dos grandes momentos da era Alex Ferguson, tendo vencido sua primeira Champions em décadas com uma virada inacreditável contra o Bayern de Munique, com dois gols nos minutos finais do jogo. Aquele time tinha Ryan Giggs, Paul Scholes, David Beckham, Jaap Stam e companhia.
Ver o jogo mais de 20 anos depois é um exercício interessante porque mostra muitas coisas, sendo um documento histórico de como nosso futebol era, como o futebol europeu (especialmente o inglês era) e até a forma como o próprio esporte era disputado.
Futebol com mais espaços
Ao assistir jogos completos antigos é normal se surpreender com a velocidade muito menor e o campo aberto até depois do meio-campo. Os jogos dos anos 70 são impressionantes nesse sentido. Claro que nos anos 90 a imposição física e a dinâmica do jogo já mudaram muito, mas nada comparado a 2022, com goleiros e zagueiros sendo pressionados e precisando jogar com os pés. O goleiro Marcos só usa os pés para chutar a bola para longe.
Mas isso não é algo negativo necessariamente, já que com mais espaços e tempo se destaca quem tem qualidade nos pés. O camisa 10 Alex sem dúvidas podia ter saído como o grande herói.
Em entrevista da Betway, Zinho apontou algo que fica claro ao ver o jogo. “No início do jogo que a gente ficou muito preocupado, mas de repente com mais calma, vimos que não era tudo isso. Começamos a jogar, dominamos o jogo, fizemos o gol. É que o juiz meteu a mão, né? Se tivesse o VAR naquela época o gol seria válido, é nítido que não tem impedimento [no gol de Alex]”.
A arbitragem sem dúvidas foi prejudicial para o time brasileiro. Logo no começo Alex saiu na cara do gol, passou pelo marcador e ficaria cara a cara com Bosnich, mas sofreu falta que não foi marcada. Alex saiu na cara do gol mais uma vez depois, mas sua cavadinha parou no goleiro australiano.
O gol de Keane foi um balde de água fria no Palmeiras, que jogava melhor e viu o herói da Libertadores falhar no Mundial. O Manchester melhorou após o gol, mas o jogo estava franco porque o Palmeiras seguiu agredindo e teve duas chances mais antes do lance que Alex recebeu na área, finalizou forte e fez o gol, mas o bandeirinha já tinha dado impedimento. Quem vê o lance nota logo o pé do defensor dando condição para o camisa 10, mas em um mundo sem VAR, nada pode ser feito.
Uma chance de Alex de cabeça e Oseas após escanteio também vão viver na memória do palmeirense. A primeira passou raspando. Oseas parou em Bosnich, que sem dúvidas fez a partida da vida dele. O goleiro australiano ganhou a chance depois da saída do ídolo Peter Schmeichel mas logo desperdiçou a oportunidade, sendo chamado até de “péssimo profissional” na autobiografia de Alex Ferguson.
Infelizmente naquele dia ele fechou o gol e o palmeirense não pode comemorar o Mundial em 1999. Isso irá mudar em 2022?