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A origem da camisa azul da Seleção Brasileira

by André Coutinho
Seleção Brasileira 1958
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Praticamente todo amante de futebol sabe da história das camisas titulares da seleção brasileira, de como o primeiro modelo era branco e que, após o Maracanazzo, essa camisa foi abolida, por ser considerada azarada. Também sabem da origem da camisa canarinho, em 1954, como resultado de um concurso. Mas, e a camisa azul? Como surgiu? Fomos atrás da história do manto reserva brasileiro e trazemos a você, leitor do MDF, algumas versões. Confira abaixo:

Primeira camisa azul

As origens da camisa azul da Seleção Brasileira

Livro traz as camisas utilizadas pelo Brasil

Ao contrário do que muita gente acha, não foi na final da Copa do Mundo de 1958 que o Brasil vestiu azul pela primeira vez. De acordo com o livro “A história das camisas de todos os jogos das Copas do Mundo”, de Paulo Gini e Rodolfo Rodrigues, que traz uma sessão especial só com as camisas brasileiras, a primeira camisa azul utilizada pela seleção brasileira foi uma do Boca Juniors, em 3 de janeiro de 1937, num jogo contra o Chile pelo Sul-Americano.

Naquela época, não era comum o uniforme reserva e, por isso, muitas vezes se utilizavam camisas emprestadas para se evitar o kit clash, como foi no caso acima. Anteriormente, o Brasil já havia vestido com camisas vermelhas, emprestadas pelo Independiente e camisas do Peñarol, em homenagem à Roberto Cherry.

A primeira camisa azul em copas veio em 1938, na França, logo na estreia, contra a Polônia, que também vestia branco. Na ocasião, foram pegas camisas azuis emprestadas, provavelmente de alguma equipe de Estrasburgo (Racing talvez), onde foi disputada a partida. Elas tinham uma tonalidade mais clara da cor do que a do calção e foi utilizada sem qualquer escudo, por falta de tempo hábil para costura. Segundo o livro, o Brasil teria utilizado camisas azuis novamente em 1939 e entre 1949 e 1957, mas não cita jogos nem datas específicas.

1958: Primeira camisa azul oficial

Camisa do Brasil Copa 1958 Vavá

Camisa utilizada por Vavá na final de 1958

A primeira camisa azul “própria” da Seleção Brasileira é realmente a de 1958. A versão mais difundida e aceita é a de que o Brasil não havia levado uniformes reservas para a Suécia, pois somente a equipe da casa utilizava camisas amarelas, sem contar numa “regra” de que em caso de kit clash, a equipe mandante deveria utilizar uma camisa diferente pois era mais fácil para os suecos trocarem, por exemplo.

Segundo é dito, isso deveria ter sido aplicado na final, mas os suecos foram enfáticos ao dizer que não trocariam a cor da camisa. Foi feito um sorteio e ficou decidido que o Brasil teria que entrar com um manto diferente.

Curiosamente, nas Copas de 1934 e 1938, o uniforme titular sueco tinha a camisa azul e calção amarelo. No jogo contra o Brasil, válido pelo 3º lugar em 1938, os europeus utilizaram esta combinação, enquanto nossa seleção foi de branco e calção azul. A Suécia passou a utilizar a combinação atual, com camisa amarela e calção azul, a partir de 1950.

As origens da camisa azul da Seleção Brasileira

Pelé e Garrincha contra a Suécia (Foto: Luiz Carlos Barreto)

Voltando ao ano de 1958, é dito que a volta da camisa branca foi levada em consideração, mas logo descartada, pois o chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho (sim, o mesmo que dá nome ao estádio do Pacaembu) era muito supersticioso, assim como alguns atletas e o treinador Vicente Feola, e não queria jogar com camisas “azaradas”. Por isso, ele enviou Mário Américo e Francisco de Assis para arranjar camisas novas na cor azul.

Inspiração em Nossa Senhora Aparecida

As origens da camisa azul da Seleção Brasileira

Imagem original de Nossa Senhora Aparecida (Foto: Santuário Nacional de Aparecida)

E é aí que começam as divergências. Como dito acima, Paulo era supersticioso, mas também religioso, e devoto de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil entre os católicos. O azul teria vindo do manto utilizado para vestir a imagem encontrada no rio Paraíba do Sul, em 1717. Paulo Machado teria então dito a todos da delegação que a seleção estava abençoada pela padroeira e venceria aquela final. O Brasil então entrou em campo com camisas azuis, o logo da CBD e a numeração amarela, retirados dos mantos amarelos, juntamente de calção e meiões brancos, para enfrentar a Suécia. O resto é história.

As origens da camisa azul da Seleção Brasileira

Mário Jorge Lobo Zagallo (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Mas, por que divergências, Mantos? Acontece que muita gente questiona a escolha da cor azul por ser o manto de Nossa Senhora. O que muita gente defende é que a cor azul já era definida como a segunda da seleção, até pelo fato de já ter sido utilizada anteriormente, e que a inspiração no manto de Nossa Senhora Aparecia seria mais um “storytelling” do próprio Paulo Machado de Carvalho para incentivar e encorajar os jogadores, que estavam preocupados com a troca, além de que muitos eram devotos da santa. Mário Jorge Lobo Zagallo, autor de um dos gols na final, dá isso a entender em uma entrevista ao Bom Dia Brasil, ainda em 2010. “Falaram que era o manto de Nossa Senhora, para quebrar aquela coisa de azar com a cor da camisa. Foi azul porque a Suécia jogava com camisa amarela. A camisa foi feita lá. Apenas o bordado foi tirado e colocado de improviso. Acabou sendo uma alegria para nós”.

Independentemente do motivo, ou da história, o Brasil conquistou o primeiro dos seus cinco mundiais de azul e a partir daí o manto se tornou oficialmente o reserva da Seleção Brasileira.

Versão do criador da camisa canarinho

As origens da camisa azul da Seleção Brasileira

Mas, se tem alguém como autoridade para falar algo dos uniformes da seleção é Aldyr Garcia Schlee (1934-2018), jornalista, escritor, professor universitário e criador da camisa canarinho a Seleção Brasileira. E o mesmo tem uma versão bem diferente.

Em entrevista ao jornal “O Tempo”, em 2014, ele garante que o manto azul já existia há algum tempo e também era obra sua. “Aquela tolice que foi inventada, que o Paulo Machado de Carvalho teve de comprar correndo o novo uniforme. Brasil foi pra Copa e levou o uniforme dois, com certeza. A pessoa mais interessada era eu. Era a chance que o Brasil tinha de ganhar a Copa e usando o uniforme que desenhei. Estava atento sobre aquilo”.

Aldyr também afirma que o modelo com gola pólo foi sugerido por ele.  “A camisa azul estava sugerida, junto da camisa canarinho. Não tinha o desenho, mas escrevi a sugestão de um segundo uniforme azul. Assim como desenhei a gola pólo e fiz sugestão da gola olímpica, como era a seleção de 1970. Então, a camisa azul foi levada para Suécia. A mentira é grotesca e se desmente facilmente. Primeiro, nenhuma seleção tem apenas um uniforme, não vão para a Copa apenas um jogo de camisa. Segundo, é que inventaram que foi comprada num domingo de manhã, pelo massagista. E como daria tempo de costurar tudo? De onde saiu que estava tão direitinho, os números, o escudo? Quero desmentir isso”.

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