Neste final de semana, o Manchester United entrou em campo contra o Bournemouth portando nas camisas de seus jogadores uma papoula, a tradicional flor vermelha que é aplicada nas camisas de clubes ingleses no mês de novembro (entenda aqui o motivo).
No entanto, chamou a atenção do mundo todo, o fato do sérvio Nemanja Matic ter “arrancado” de sua camisa a homenagem que é feita devido ao “Dia do Armistício”, que é celebrado em 11 de novembro e celebra o fim da Primeira Guerra Mundial.
Após ser muito criticado pelos torcedores nas redes sociais, nesta segunda-feira, o jogador utilizou o seu Instagram para explicar o motivo dele não ter utilizado a papoula na camisa.
“Reconheço totalmente por que as pessoas usam papoulas, eu respeito totalmente o direito de todos e tenho total simpatia por quem perdeu seus entes queridos devido ao conflito.
No entanto, para mim, é apenas uma lembrança de um ataque que eu senti pessoalmente como um menino de 12 anos, jovem e assustado, que vivia em Vrelo, quando meu país foi devastado pelo bombardeio da Sérvia em 1999. Assim como eu já fiz anteriormente, não sinto que seja certo usar a papoula na minha camisa.
Eu não quero desmerecer a papoula como um símbolo de orgulho dentro da Grã-Bretanha ou ofender ninguém, no entanto, todos nós somos um produto de nossa própria educação e esta é uma escolha pessoal pelas razões descritas.
Espero que todos entendam as minhas razões agora que as expliquei e que eu possa me concentrar em ajudar a minha equipe nos jogos que estão por vir.”
Resumidamente, o atleta sérvio é contra a homenagem pois ela simboliza os “heróis” ingleses que deram suas vidas em guerras contra outros países, no entanto, o Reino Unido era um dos países que lideravam a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e que interveio no conflito na Iugoslávia, bombardeando o país em 1999.
É este ataque a qual o volante do Manchester United se refere em sua declaração, ou seja, ele considera o Reino Unido um dos culpados pelas terríveis memórias que ele carrega deste momento.
Irlandês James McClean também é contra a homenagem
Atualmente no Stoke City, o irlandês James McClean, mas que é nascido em Derry, na Irlanda do Norte, é outro atleta a não apoiar o uso da papoula na camisa nesta época do ano.
Em temporadas passadas, quando atuava pelo West Bromwich Albion, o atleta também causou polêmica ao não aceitar atuar com a flor no peito.
“Estamos chegando no período de homenagens, e não vou usar a papoula em minha camisa. As pessoas dizem que sou desrespeitoso, mas não perguntam o motivo de eu não usá-la. Se a papoula fosse usada somente pelas vítimas da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, eu a usaria sem nenhum problema. Eu a usaria em todos os dias do ano se este fosse o caso, mas não é, ela representa todos os conflitos que o Reino Unido esteve envolvido. Por conta da história de Derry, cidade que sou nascido, eu não posso usar algo que represente isto”, afirmou James McClean em entrevista ao site oficial do West Bromwich.
Derry, cidade da Irlanda do Norte, onde James McClean é nascido, foi o palco do “Domingo Sangrento”, confronto entre manifestante católicos, protestantes e o exército inglês em 30 de janeiro de 1972.
Quatorze ativistas foram mortos e outros 26 ficaram feridos, todos eles estavam desarmados quando foram atacados pelo exército inglês e a maioria foi alvejada pelas costas.
Em memória a este trágico dia, o U2 criou a canção “Sunday Bloody Sunday!” que é um dos maiores sucessos da banda irlandesa.
A mágoa de McClean com a Grã Bretanha é tão grande, que em 2015, o West Bromwich Albion disputou um amistoso nos EUA e durante o hino do Reino Unido, o famoso “God Save The Queen”, o jogador abaixou a cabeça e não se virou para a bandeira.
O que achou do fato de Nemanja Matic e James McClean não utilizarem a papoula em suas camisas durante as homenagens ao Dia do Armistício?