As camisas de futebol vêm sofrendo, a cada ano, mudanças, seja em conceitos de design, tecnologias de respiração, matéria prima, entre outros, mas sempre com o mesmo formato. Porém, uma tendência do vestuário esportivo tem deixado de lado uma das tradições do esporte: as estilosas mangas longas.
Já reparou que, de uma hora para a outra, elas sumiram? Fomos pesquisar o motivo, e descobrimos um belíssimo dossiê sobre o assunto, assinado pela revista Veja. Abaixo listamos os principais motivos para o sumiço das mangas longas, que por muito tempo foram tratadas como peças estilosas pelos torcedores. Confira!
Primeiros uniformes
As primeiras camisas de futebol eram o total oposto do que vemos hoje. Possuíam mangas compridas e não curtas, e material grosso e pesado, a fim de fugir do rigoroso inverno europeu, principalmente na Inglaterra, berço do esporte.
No Brasil não foi diferente, apesar do clima. É só procurarmos fotos dos times do começo do século XX, que teremos a mostra de que os mantos traziam as mangas compridas, tendo as opções com mangas curtas aparecido bons anos depois.
Opção para o frio
Com o tempo, as mangas curtas foram assumindo o espaço de “modelo padrão” no esporte, sendo a primeira opção das equipes e deixando as mangas compridas para os climas frios, o que fez com que elas fossem mais vistas na Europa do que no Brasil, por exemplo. Com o advento do comércio de camisas, sempre foi costumeiro colocar a disposição os dois modelos, sendo que o de mangas longas normalmente possuía um preço maior.
Por aqui, essa prática também era realizada e os uniformes de manga longa costumavam aparecer bastante nos jogos na região Sul (Caxias do Sul, principalmente) e nas partidas de quarta e quinta-feira a noite. Também vimos muitos times com camisas de manga comprida em jogos da Libertadores, Copa Mercosul, Copa Conmebol e Sul-americana, além dos mundiais disputados no Japão. A estratégia de vendas era a mesma da Europa.
Sumiço repentino das mangas longas
A Veja entrevistou o designer holandês Floor Wesseling, que trabalhou durante cinco anos na Nike, e revelou que o principal motivo do desaparecimento das camisas manga longa no futebol foi a mudança de estratégia. “Quando comecei a desenhar camisas de futebol para a Nike, em 2011, a marca decidiu parar de fazer mangas compridas para os jogadores, e também para os torcedores, para empurrar o mercado na direção das camisas térmicas”, disse, recordando também que os atletas deram sua preferência para o novo estilo.
Podemos compreender essa estratégia quando lembramos que uma camisa com mangas compridas tem custo de produção até 10% maior e, por isso, sempre foi vendida a um preço maior. No Brasil, esse tipo de peça tinha pouca saída, uma vez que o clima não é propenso. Com o uso cada vez maior das “segundas peles” pelos profissionais, é normal que haja aumento na procura por esses produtos para usar juntamente da camisa, ou seja, ao invés de vender um produto (manga longa) um pouco mais caro, a Nike, Adidas, PUMA, e outras, vendem a camisa, mais a segunda pele, aumentando ainda mais os lucros. A própria FIFA já regularizou o uso, determinando que ela seja da mesma cor da camisa. Os jogos de videogame também dão essa opção na hora da personalização de jogadores.
A situação atual é que 99% dos atletas profissionais utilizam a segunda pele por baixo do uniforme, que têm como principal função regular a temperatura corporal ,além de serem uma opção mais leve e ajustada ao corpo. Nos dias de calor, os jogadores vestem modelos regatas ou manga curta, enquanto em temperaturas frias a segunda pele é comprida, mas sempre com a camisa do time de manga curta por cima. Consequentemente, já se tornou raro encontrar camisas manga longa em lojas, inclusive em países que a temperatura é baixíssima, como a Rússia.
Até mesmo os goleiros passaram a utilizar a segunda pele com manga curta por cima, logo eles que vestiam camisas especiais de manga comprida, almofadadas para as quedas.
Outro motivo, muito menos responsável por esse sumiço das mangas longas, é a vaidade dos jogadores, que estão cada vez mais tatuados e gostam de mostrar os desenhos pelo corpo.
Recentemente, tivemos um episódio bem curioso sobre esse assunto. No Arsenal, o capitão é quem decide como a equipe deve atuar (em relação aos uniformes) e, em um jogo contra o Manchester United na temporada 2012-2013, o zagueiro alemão Mertesacker, que possuía a braçadeira, e gostava de manga comprida, propôs que a equipe atuasse assim. Todos aderiram, menos o meio-campista francês Flamini, que resolveu cortá-las, atuando de “mangas curtas”. Isso se repetiu no duelo contra o Olympique de Marseille, pela Liga dos Campeões, dias depois, o que causou irritação no treinador dos Gunners na época, Arséne Wenger.
Os “rebeldes”
É claro que em toda moda existem aqueles que são contra, ou que simplesmente tem gostos diferentes. No caso das mangas compridas, talvez o principal “embaixador” na história do futebol tenha sido David Beckham, e sabemos que “tudo” que o inglês faz se torna marketing. Foi graças ao antigo camisa 7 da Seleção Inglesa, que sempre utilizou este modelo de uniforme, que as mangas compridas se tornaram algo “fashion” e estiloso durante sua carreira. Ele vestiu mangas compridas até mesmo no Brasil, no Mundial FIFA de 2000, num Maracanã com 40°.
O segundo grande nome nesta lista de “rebeldes” é Cristiano Ronaldo, que desde que começou no futebol profissional, lá no Sporting, é adepto das mangas compridas. No Manchester United, Real Madrid e agora na Juve, além da Seleção Portuguesa, é nítida a preferência do atleta. Floor Wesseling, novamente à revista Veja, revela que, na Copa de 2014, em que desenhou os uniformes das seleções Nike, somente um atleta se recusou a utilizar apenas camisas de manga curta: CR7. Por isso, ele teve de desenhar um modelo exclusivo de manga longa para o gajo, que a utilizou em um jogo e meio (Portugal caiu na primeira fase).
Muita gente fala que essa preferência do cinco vezes Bola de Ouro é uma questão de superstição, afinal, as maiores decepções da carreira de CR7 foram utilizando mangas curtas: a derrota na final a Euro 2004 e a derrota nas semifinais da Copa do Mundo 2006. Enquanto isso, as maiores glórias do atleta foram conquistadas com a manga comprida: suas cinco Champions League (uma com o Manchester United e quatro com o Real Madrid), a Euro 2016 e a Nations League 2019, com Portugal. Apesar de vaidoso, o atleta não tem tatuagens no corpo, por fazer parte, constantemente, de campanhas de doação de sangue.
E por último, Antoine Griezmann. O atacante francês também tem preferência pela manga longa e adivinha o motivo? Sim! David Beckham. Na final da Copa do Mundo 2018, quando foi campeão com a França Griezmann foi o único jogador em campo a vestir camisas neste estilo. Em entrevista à GQ, o atleta revelou que não são só nas mangas que ele se inspira em Beckham. “Gosto de mangas longas e da camisa 7 por causa do Beckham. É meu ídolo”, disse.
Legado
As notícias então não são boas aos fãs mais saudosistas das camisas manga longa. A tendência é e que, com o passar do tempo e a aposentadoria de Cristiano Ronaldo e Griezmann, elas deixem de existir de vez, a não ser que haja uma grande reviravolta nas estratégias das fornecedoras ou algum novo ícone apareça. O que podemos dizer é que elas marcaram época no futebol e deixaram um legado de mantos incríveis na história, se eternizando nas páginas futebolísticas.
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