O preço popular das camisas do Futebol Clube Cascavel foram destaque na semana passada. Com camisas sendo comercializadas a R$ 29,90, o clube vendeu mais de 23 mil unidades de seus mantos desde o lançamento.
O valor, considerado baixo no mundo do futebol, vai contra a tendência dos últimos anos, de inflação nos preços e camisas cada vez mais caras, ultrapassando os R$ 250, ou seja, quase 10x maiores do que as da equipe paranaense.
Para entender mais sobre o caso, fomos conversar com o diretor de marketing da equipe, Eduardo Serralheiro, que explicou o processo de precificação das camisas.
Confira abaixo:
Mantos do Futebol: Qual o sentimento do clube ao conseguir um número tão simbólico de vendas?
Eduardo Serralheiro: No nosso entendimento, alcançar mais de 20 mil camisas vendidas é motivo de muita alegria, pois vemos que estamos conseguindo um espaço na cabeça do torcedor, fazendo com que ele participe mais, com que leve o futebol de Cascavel para dentro de casa, que o filho possa vestir a camisa, ir ao estádio a um preço acessível, ou seja, aproximar o torcedor do time.
MDF: De onde surgiu a ideia de tentar abaixar o preço das camisas?
ES: Nossa estratégia de trabalhar com a camisa a um preço popular se deu a partir da fala de que o futebol é o esporte mais popular do Brasil e, na nossa filosofia, não cabe elitizarmos o processo, com camisas custando mais de 100 reais, por exemplo. Nesse momento que queremos que a torcida use a marca FC Cascavel no peito, use a camisa e vá no estádio, que o futebol entre de vez na agenda da família, não podemos tentar ganhar em cima do torcedor, pois ele é nosso apoiador máximo.
MDF: E como se deu esse processo? Como vocês chegaram aos R$ 29,90?
ES: Hoje, a camisa tem um custo para nós de R$ 21. Para isso, simplificamos ela ao máximo, retirando os fatores que poderiam encarecê-la, como detalhes bordados, utilizamos um tecido mais leve, entre outros, mas sem perder a qualidade no produto final, que será o mesmo modelo utilizado pela torcida, jogadores dentro de campo e pelo presidente do clube. Para chegar ao preço final, consideramos também os funcionários que trabalham nas vendas, o aluguel do contêiner, energia elétrica, ar-condicionado, entre outros.
MDF: E em relação à margem de lucro do clube?
ES: Não existe margem de lucro nessa operação, somente o preço do produto para nós, mais os custos operacionais. Quando falamos que nosso objetivo não é ganhar em cima do torcedor, é porque quem aparece na camisa são os patrocinadores, então, numa conversa direta com as empresas, pedimos um valor maior a cada uma delas, com 10 mil unidades na praça, todas com a marca estampada e preço popular, o que foi abraçado imediatamente. Com isso, conseguimos aumentar o faturamento em R$ 800 mil, o que foi crucial para se chegar no preço final. Nunca chegaríamos a esse valor se praticássemos o preço a R$100, por exemplo.
MDF: Você disse no começo que é uma grande alegria para vocês vender mais de 20 mil unidades das camisas. Isso era esperado? Foi preciso uma produção extra por parte da fornecedora?
ES: Nós esperávamos, no começo, vender 10 mil unidades, mas chegamos a mais de 20 mil. A Meinerz (fornecedora) havia dispensado os funcionários para férias, mas teve que trazer todos de volta para produção extra. Ainda perdemos muitas vendas pelo estoque estar incompleto naquele período e acredito que poderíamos ter chegado a 30 mil unidades vendidas se não fossem essas quebras de produção x estoque, mas foi uma bela surpresa para nós.
MDF: Nessa linha de popularizar o clube na cidade, foi feita alguma outra ação?
ES: Fizemos também uma promoção na qual o torcedor vestindo a camisa do Cascavel pagaria apenas R$ 17 nos ingressos para os jogos, tudo isso com o objetivo de trazer o torcedor para perto do time. Deu certo. Hoje, o Cascavel só perde em público no Campeonato Paranaense para o Athletico e de todos os ingressos vendidos no campeonato, 25% foram de nossa torcida. Conseguimos trazer de volta o jovem para o estádio, algo que não vinha acontecendo, e tudo isso é muito gratificante.
MDF: Já existe algum plano de repetir esse modelo em 2020?
ES: Para 2020, temos o planejamento de repetir o processo, afinal futebol é esporte popular e continuaremos nessa linha.
O que achou da entrevista de Marcos Eduardo Serralheiro, diretor de marketing do Cascavel, sobre as camisas a preços populares? Compartilhe!